Ó, Morte
Nossa
de
cada
dia.
O desejo!
Não,
nos permita:
Viver sem ti
Ó, morte nossa de cada dia,
Traga o alento, para o caos,
Ocaso, das manhãs quentes,
Inicia: turva, nuvem à chuva.
Ó morte nossa de cada dia
Que o pão que tu amassas
Não se afaste de nós, que,
Vivos possamos ouvir à lira
E sentir em nós, o mundo e nada.
Onde está então, o fim
Que amedronta? Se, o
apego é o que te faz soltar.
que vivas à renascer.
Que não nos falte a morte
Pois sem há viver!
Ó obliqua mãe dos medos,
Fazes, o que melhor sabes,
Findar! Retoma meu ser, e,
Remova, o espirito de não
Querer, amar às
quedas.
Ó chão, fundo, a sete palmos
Bonito, fecha cena dos salmos
Veros, versos decassílabos? é.
Não sei conta-los. asnos poetas.
Ó frio, de todos os ventos
Ó deusa dos peitos abertos
Ó mãe dos intricados, deso-
rienta! Ó morte nossa de to-
dos os dias, dias que tú não
vens, ficamos vivos demais.
Ó morte nossa de todos os dias
Não nos falte um dia se quer
Faz-te presente em nossa vida
Pra que possamos, amar algo, alguma coisa.
Ó morte nossa de todos os dias
Que não se apague o fogo
Da ponta e das partes. (Ó tia
Das cantinas do inferno,
Não te esqueças do bem que
Te fazemos, damos nossos
corpos, na chacina de nossos
becos.)
Ó ciclo vivo, afortuna-me
É que o ontem já morreu.
Ó Objeto de delírio
Que me deem lírios
No dia em que fores tudo, em outro eu. - P.R.S FREIRE
(Panagens- Ronaldo Azeredo, 1975)
