sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Prece

Ó, Morte
               Nossa
                           de
                                 cada
                                          dia.
    
             
                              O desejo!

                      Não,

nos permita:


Viver sem ti

Ó, morte nossa de cada dia,
Traga o alento, para o caos,
Ocaso, das manhãs quentes,
Inicia: turva, nuvem à chuva.

Ó morte nossa de cada dia
Que o pão que tu amassas
Não se afaste de nós, que,
Vivos possamos ouvir à lira
E sentir em nós, o mundo e nada.

Onde está então, o fim
Que amedronta? Se, o
apego é o que te faz soltar.
que vivas à renascer.
Que não nos falte a morte
Pois sem há viver!


Ó obliqua mãe dos medos,
Fazes, o que melhor sabes,
Findar! Retoma meu ser, e,
Remova, o espirito de não
Querer, amar às quedas.

Ó chão, fundo, a sete palmos
Bonito, fecha cena dos salmos
Veros, versos decassílabos? é.
Não sei conta-los. asnos poetas.


Ó frio, de todos os ventos
Ó deusa dos peitos abertos
Ó mãe dos intricados, deso-
rienta! Ó morte nossa de to-
dos os dias, dias que tú não
vens, ficamos vivos demais.

Ó morte nossa de todos os dias
Não nos falte um dia se quer
Faz-te presente em nossa vida
Pra que possamos, amar algo, alguma coisa.
  

Ó morte nossa de todos os dias
Que não se apague o fogo
Da ponta e das partes. (Ó tia
Das cantinas do inferno,
Não te esqueças do bem que
Te fazemos, damos nossos
corpos, na chacina de nossos becos.)

Ó ciclo vivo, afortuna-me
É que o ontem já morreu.
 Ó Objeto de delírio
Que me deem lírios
No dia em que fores tudo, em outro eu.


- P.R.S FREIRE







(Panagens- Ronaldo Azeredo, 1975)












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