sábado, 30 de julho de 2016
Pra deixar barato
um canto em cada canto
e depois era o canto de novo
tua voz era a única que não distorcia
sem eco
sem ego
que diabos de mulher
se dentes mais afiados tivesse
não mentiria em bruxaria.
as luzes da ponte eram farol
nereidas
o chão que tropeçara outrora
sob meus pés amaciaram
meu coração em feminino
arrítmico
arrítmico
até pra bater palma fora do tempo
insistindo em fibrilar.
tua voz era a única que não distorcia
sem eco
sem ego
deixa eu ir ver o meu amor.
e nisso acordei procurando também.
circulos multicoloridos na parede
eram o prelúdio
tava na porta de entrada e minutos depois na porta afora
--ajuda ele
--tá transtornado
tu tá feliz?
tá de boa?
tá tão lindo.
e o riso mais lindo acompanhava
mais solto
mais sincero impossível
as motos assustavam
mil subiram a calçada ao meu lado
e dez mil apressaram o passo à minha direita
mas eu já não me importava
acontecia tudo ao mesmo tempo
e eu estava em cada um
e em todos
ao mesmo tempo.
sem dar tchau
me conduzo pra onde encontro morada
e durmo vendo seu rosto.
e acordo vendo seu rosto.
e me despeço e me despedaço vendo seu rosto.
e sua voz era a única que não distorcia
sem eco
sem ego
que anjo é essa mulher
e meu peito agora responde por um nome feminino
e não é arritmia.
Antonio --sem acento.
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Faz a gente acompanhar as batidas do coração junto ao tic tac do relógio. Perceber a efemeridade do tempo quando se ama... Muito bem feito!
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