Meu Nome não é
Antônio
Ela preferia
Os barbudos míopes,
Hipsters e alternativos
Com roupas floridas
Que vivem a escutar
Sons daquele cara
Que levou o soco no nariz
De um típico finado, cujo
O nome dele saía lágrimas
Como um triste fim
De um personagem melancólico
Que se chamava Charlie Brown,
Que era uma criança que tinha como
seu melhor amigo, um cachorro
Que escrevia poesias numa máquina de
datilografia,
Em cima da sua casinha.
Poderia ser um daqueles caras,
Mas troquei a palavra alternativo
Para o inglês underground,
Por isso,
Minhas maneiras não a agradam,
Pena que li Sartre, e ele me falou
Que sou dono de minhas escolhas
Associado a peso das consequências que
Vem junto como um Kit de brinquedos.
Ah, mas por que não concilia?
Caras assim como ela mais ama,
Conheço muitos, teve um dia
Que um me admirou por eu gostar
Daquele filme chamado Laranja Mecânica,
Ele até me perguntou se eu era Cult,
E eu respondi imediatamente
mandando o cara tomar no cu.
Tudo bem, sou ignorante,
Entendo que mulheres como ela
Gostam de homens mais humanas,
mas sou apenas um leitor
de poesias escritas
Por um velho sujo, e
Não pelo Antônio
Que ela tanto ama.
O pior que ainda por cima,
a minha literatura era suja, e
Eu bebia fogozada quase todo dia
Em vez do vinho que ela tanto me pedia,
Mas não era o gaúcho, tinha que ser Panu.
Isso me dava uma raiva,
Então eu tive que sair dela,
Rasguei outras poesias sobre ela,
Mas com dor no coração,
Pensei até em ter o poder de Bowie
Para ser um camaleão,
Entretanto, não dava
Mais para tentar,
E refletindo bem,
tem sentido dela gostar
De certas modas e
De homens barbudos assim tão descolados
Em universidades federais, pois o nome dela
É Ana Júlia, e a sua estação
Preferida é a primavera,
Mas não essa que está nos meus cabelos,
E sim daquelas que brotam flores
na barba dos homens que
Ela tanto ama como o Giz
Da Legião Urbana.
- Rey
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Foto: Tarcila Virtuozo |