terça-feira, 13 de setembro de 2016

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estudo trigonometria pela via da morte asiática, a khan academy
e um dia deverá esse concurso me transmitir alguma vida
pensas que louco: essa equação define se eu passo numa prova depois se eu consigo comprar a aliança e se vai nascer meu filho, o Ivan (será?)

uma ponta de trigonometria, lembramos juntos que tangente é o cateto oposto sobre o adjacente, o que geralmente decide quem o primogênito
vai levar para passear tomar sorvete com o meu dinheiro é claro
sorvete ou frapes, não sei

essas questões definem até mesmo se faço inglês no yázigi
imagine, o yázigi defende se minha filha vai usar shampoo de verdade ou criolina

então é preciso voltar para a educação portuguesa e a vonta-de de amar porque é isto mesmo que faço da vida

deve-se, por clareza gráfica, repetir o hífen
no início da linha imediata.


- Ranaja Oliveira








terça-feira, 30 de agosto de 2016

tributo poético




Nessa noite todos os Pierrot
tristonhos cessaram o choro.
Tal ato passou a não fazer sentido,
assim como o ato de ser imprudente com as situações.
A palavra "chorar" poderia
até ser alcunhada de "Salvador Dali".
Mas não hoje.
O Salvador ficou meio bêbado
após a terceira taça de vinho
e deste modo, as coisas giravam
e as putas se mostravam graciosas.
Meio sem sentido, como Dali, como chorar.
Júpiter e Vênus num espécie de encontro,
até Clarice sorriu de tamanha estranheza cômica.
Salvador não riu, achou que Júpiter
estava tentando roubar um beijo.
Clarice olhou pro vinho e riu do pobre.
Essa piada mal contada
virou tristeza de Salvador que
se pôs a chorar,
virando, deste modo,
um novo Pierrot.

Vanessa Santana

sábado, 30 de julho de 2016

Pra deixar barato


um canto em cada canto
e depois era o canto de novo
tua voz era a única que não distorcia
sem eco
sem ego
que diabos de mulher
se dentes mais afiados tivesse
não mentiria em bruxaria.
as luzes da ponte eram farol
nereidas
o chão que tropeçara outrora
sob meus pés amaciaram
meu coração em feminino
arrítmico
arrítmico
até pra bater palma fora do tempo
insistindo em fibrilar.
tua voz era a única que não distorcia
sem eco
sem ego
deixa eu ir ver o meu amor.
e nisso acordei procurando também.
circulos multicoloridos na parede
eram o prelúdio
tava na porta de entrada e minutos depois na porta afora
--ajuda ele
--tá transtornado
tu tá feliz?
tá de boa?
tá tão lindo.
e o riso mais lindo acompanhava
mais solto
mais sincero impossível
as motos assustavam
mil subiram a calçada ao meu lado
e dez mil apressaram o passo à minha direita
mas eu já não me importava
acontecia tudo ao mesmo tempo
e eu estava em cada um
e em todos
ao mesmo tempo.
sem dar tchau
me conduzo pra onde encontro morada
e durmo vendo seu rosto.
e acordo vendo seu rosto.
e me despeço e me despedaço vendo seu rosto.
e sua voz era a única que não distorcia
sem eco
sem ego
que anjo é essa mulher
e meu peito agora responde por um nome feminino
e não é arritmia.

Antonio --sem acento.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Uma artesã (dona Isabel) do São João

Uma artesã (dona Isabel) do São João

Eu separava as bolinhas:
verde-rosa, branquinhas,
umas nem furos tinham, só
tinham a cor do São João.

eu um bobão, que via
minha vó,
e nem sabia o quão grande
ela era/é.

os mais espertos vinham em novembro;
os otimistas: em dezembro;
os inconsequentes em janeiro,
os do carnaval vinham só de mal, já os:
de março, de abril e maio tentavam a sorte,
e as vezes tinham(a sorte).

Ela tinha o material:
tinha agulha,
tinha miçanga,
tinha lantejoula, canutilhos;
ela o talento(e nos seus olhos o brilho da lua).

nem sei se ela furava a mão,
era de dia
e de noite,
pouco antes do São João;
                                            concentrada:

linha subia
agulha descia, era
uma dança,
fora do arraial;                  nos bastidores:

ela já não via o boi,
os risos do boi,
dos brincantes,
as batidas da matraca,
do pandeirão;
ela já não dançava, só com a mãos.


 Miqueias N.





terça-feira, 14 de junho de 2016

Meu Nome não é Antônio


Meu Nome não é Antônio

Ela preferia
Os barbudos míopes, 
Hipsters e alternativos
Com roupas floridas
Que vivem a escutar 
Sons daquele cara 
Que levou o soco no nariz 
De um típico finado, cujo 
O nome dele saía lágrimas 
Como um triste fim 
De um personagem melancólico 
Que se chamava Charlie Brown, 
Que era uma criança que tinha como 
seu melhor amigo, um cachorro 
Que escrevia poesias numa máquina de datilografia, 
Em cima da sua casinha.

Poderia ser um daqueles caras, 
Mas troquei a palavra alternativo
Para o inglês underground,
Por isso, 
Minhas maneiras não a agradam,
Pena que li Sartre, e ele me falou
Que sou dono de minhas escolhas
Associado a peso das consequências que
Vem junto como um Kit de brinquedos.

Ah, mas por que não concilia?
Caras assim como ela mais ama,
Conheço muitos, teve um dia
Que um me admirou por eu gostar
Daquele filme chamado Laranja Mecânica,
Ele até me perguntou se eu era Cult,
E eu respondi imediatamente
mandando o cara tomar no cu.

Tudo bem, sou ignorante,
Entendo que mulheres como ela
Gostam de homens mais humanas,
mas sou apenas um leitor
  
de poesias escritas 
Por um velho sujo, e 
Não pelo Antônio
Que ela tanto ama. 
 
O pior que ainda por cima,
a minha literatura era suja, e
Eu bebia fogozada quase todo dia
Em vez do vinho que ela tanto me pedia,
Mas não era o gaúcho, tinha que ser Panu.

Isso me dava uma raiva,
Então eu tive que sair dela,
Rasguei outras poesias sobre ela,
Mas com dor no coração,
Pensei até em ter o poder de Bowie
Para ser um camaleão,
Entretanto, não dava
Mais para tentar,
E refletindo bem,
tem sentido dela gostar
De certas modas e
De homens barbudos assim tão descolados
Em universidades federais, pois o nome dela
É Ana Júlia, e a sua estação
Preferida é a primavera,
Mas não essa que está nos meus cabelos,
E sim daquelas que brotam flores
na barba dos homens que
Ela tanto ama como o Giz
Da Legião Urbana.

- Rey 
Foto: Tarcila Virtuozo 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

o homem

o homem


o homem se encontra no coletivo o homem perde-se no individualismo o homem se ver no coletivo o homem não reconhece o outro homem no individualismo ele compete pra ver quem é o mais pica grossa o homem flui no coletivo feminino concilia o homem estraçalha no individualismo passo por cima do outro homem a 300 por hora no asfalto quente com gasolina, estatísticas, publicidade prédios, prédios, prédios, condomínio fechado, capital , barbarie, poder, segrega o homem caga, chora, perdoa, ama, divide o rango, a xila, congrega no coletivo evolui nossas mães nos abracam com afago o homem passa desodorante asséptico gourmet paga porta de entrada no individualismo coletivo flauta doce individualismo buzina agonia coletivo afeto individualismo eletivo.



- DIEGO PIRES









quinta-feira, 12 de maio de 2016

NÓS QUE ACREDITAMOS

NÓS QUE ACREDITAMOS












































 amanheço o sol mesmo na sombria cremação
de nossa frágil liberdade.
ontem por muito satisfeito caminhei depois de 
uma singela conversa entre amigos.
dizíamos:
nós não somos livres!
nós não somos livres!
me alegrava a consciência dos meninos.
houve um poema sério dito e feito:
esperançamos andar sob o sol sem medo.
esperançamos andar sob a lua sem medo.
esperançamos andar sob a escuridão.
esperançamos andar sob a margem como.
se no
centro.
na ilha se fez mas em outro canto sem mar.
havia um poema a ser feito.
porém.
uma carta de morte se escrevera. ontem.
sob a mistica dos versos.
havia um poema a ser feito.
um poema se escreveu antes.
um poema por não-poetas.
antes que o papel fosse ferido pela
ponta da caneta. era - é um poema de dor.
rangeu - se os dentes no word. pairava sobre
nossos ombros. os fardos pesados.
onde está jesus?
havia um poema a ser declamado.
antes um pastor assenhorou um discurso
era a nossa perda. ouvir. há um tempo: o
que temos deve ser alimentado não minado.
havia um poema a ser feito.
porém poetas amanheciam chovendo.
haviam poemas a serem feitos.
antes fizeram poemas pelos poetas.
há um poema a ser feito.
gritemos agora:
há um poema a ser feito.
há um poema a ser feito.
há um poema a ser feito.
por poetas não por deputados.
gastou - se no espaço. dos nosso abraços.
era a morte da utopia. nos movia agora morta.
renascendo agora sob o signo da ocupação.
por justiça. por:
cajueiro. messegana. terra firme.
pela rua.
escolas públicas. câmaras.
aqui onde todos procuram
está nossa esperança.
há um poema a ser feito.
há um poema a ser feito.
há um poema a ser feito.
por todos nós. nós que acreditamos.
faremos uma música de esperança.
onde brilha o sol no mel de meus olhos.
enquanto um golpe me espanca.
vamos lá, passar por estes frios.
frios dias. com esperança veremos
o sol brilhar. o sol brilhará sob nossa
ilha! nossas filhas. ofuscará o padrão.
enfim seremos livres. nós que acreditamos.

Paulo Freire - pf;