quinta-feira, 14 de abril de 2016

Desabafo

Desabafo
Histórias de tantas Ana's, Joanas que a cada esquina chora aos prontos em cada esquina uma memória, um abraço manchas de sangue De gangues que se confrontaram, e no silêncio da noite as Ana's e joanas sentiram no coração a dor da partida repentina dos seus embriões. Laços desatados, pelo tiro da . 40 do soldado recém formado. Lembranças de Ana do seu filho que nos domingos jogava bola no campinho do bairro.
Da periferia ouve-se tiros todos os dias. e as lágrimas e clamores das mães, com seus corações na mão e nenhuma delas sabe por qual razão, onde foi que elas erraram na criação.
Até onde e quando vai a separação e distinção da "periferia" com a dita "civilização"? Uns andam de terno e gravata, outros de bermuda e descalço Enquanto uns apreciam a orla marítima, as ondas do mar. Outros a vê-la invadir suas casas, palafitas, altas, edifícios em cima de tábuas.
Educação jogadas as traças, sem livros, sem merenda, sem paredes ou teto. Desvalorização do professor, desrespeito com o aluno Com o futuro da nação. Vândalos ainda depredação as escolas, em que seus filhos, sobrinhos e netos frequentam.
Quem é o verdadeiro alvo dos ladrões? O trabalhador que anda de ônibus, que trabalha o dia todo pra ganhar um salário mínimo pra encher a boca de cinco filhos. "Pobre lascado", sem saneamento básico. Mas um marginalizado.
Nos corredores do Socorrão agoniação, só quem já andou por aqueles corredores sabe a sensação. Corpos lado a lado no chão, em cadeiras ou macas sem condições. Cheiro forte de éter, sangue no chão, pessoas aflitas Esperando a salvação!
A passagem aumenta, em uma cidade sem infraestrutura os ônibus caindo aos pedaços, goteiras dentro do busão, crateras no chão assaltos, pessoas pulando pela janela. Um assalto a cada giro da catraca.
E a história se repete, como há 30 anos atras. Mas as revoltas não são mas as mesmas, hoje revolucionário é tachado como vândalo e desocupado. A população mesmo reclama por chegar tarde no trabalho: Culpa desses desocupados que ficam interditando as ruas, não vai levar em nada! E realmente, com esses pensamentos, não vai levar em nada.
Poema sujo, mas um desabafo.

Adriana Dias



Um comentário:

  1. Muito bom, um excelente desabafo. Cansados de tanto falar oque nos resta as vezes é escrever..

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