sexta-feira, 29 de maio de 2015

Subversividade Centro Histórico



Subversividade Centro Histórico 

Entre os meus olhos de ressaca,
A vontade de visualizar
Em uma pintura ou fotografia, 
Uma parte dos meus sonhos,
Presos em um quadro,
Cuja a paisagem
É a mais bela
Do que o paraíso
Criado pelos homens,
Se fosse por lá,
Já morreria feliz,
Sem ter que imaginar
Uma vida pós a morte
da minha vida igual
Para todos os homens.

Antes de mais nada,
Deixa eu viver a vida,
Até acabar e esvaziar
Como uma garrafa
De cerveja barata.

Sou um poeta subversivo,
Levo comigo todas as dores
Em uma maleta de poesias e contos.

A minha melhor amiga
É a minha máquina de datilografia.

Vivo a vida de modo marginal,
Tenho meus longos anos de estrada.

A minha vida matinal,
É um quarto pequeno
De uma pensão, na Rua da Palma.
De vez em quando,
saio de manhã
para me doer,
Vendo multidões de decentes
Com seus pensamentos
Querendo atrofiar os meus.
Pois é, preciso suportar eles,
tenho que ganhar dinheiro.
A minha vida noturna
É a rua escura,
Com uma luz fraca
Dos postes de fios subterrâneos,
Por onde não há multidões
Dos não esquisitos e estranhos.
Vivo queimando por dentro,
A minha vida é um bojo de tabacos,
Daqueles que queimam rápido.

A cada minuto que passa,
A temperatura se eleva,
Até gerar a fumaça
Que vai evaporar,
Junto com a minha alma
Como  restos não recicláveis
De um cinzeiro velho.
Quando chego em casa,
Eu acendo o fogo opaco
E escrevo na máquina
E queimo a cada etapa,
Que vira lentamente
cinzas, e que se vão
Como um tempo do relógio
Que olho na parede de forma diferente
A cada segundo,minuto,mês e ano.
As cinzas que surgem
Entre meus dedos flamejantes,
É a historia que escrevo
sobre a madrugada
Que não vejo em propagandas
Sobre a beleza das ruas por onde ando,
Na Praia Grande. 

- Reylton Reis

A imagem: Autoria de Ruy Barros


sábado, 23 de maio de 2015

Reminiscência

Reminiscência

Verme na lama rasteja
Logo será cortado
Pelo que anuncia
Verbo que aciona o comando
Da mão que a enxada maneja.

Logo, logos no sentido
Viaja na língua venenosa
Ligeira lança, na ponta da caneta
Palavra escrita, borra botas
Saliva cuspida, é nada.

Num espaço geográfico
Que não se mede pelo tempo
Curta, curta viagem neste espaço,
Não matemático
Imersível, números não se impõem
Atônitos assistem belo bailar, das palavras.

Leves, letras lutam sem se ferir
Sem sangue a espada a fio
Só os homens e seus filhos
Machucam duros cortes duram.

Longo dialogo conversou
Subiu seguindo sem multidão
Debanda, a banda passou
Em meio ao tempo, a ermo caminhou
Quem lhe chamou de mestre?

- Quem viu as cicatrizes!

Paulo Roberto Silva Freire 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Bordel da vida


Bordel da vida

Vejo vilão sendo vitima vejo vitima sendo vilão vejo inteligente se enganando vejo burro na contramão
vejo a lei no lugar da graça vejo a graça no lugar da lei montarão um circo litúrgico para confundir a santa grei
A genuinidade do sagrado se perdeu As ondas da ganancia deixaram O rastro do estrago Do coração que se escafedeu.
Grana é para a gente mandar Mas, vejo grana mandado em gente Que vive a ser escravo do consumismo Individual.
Marcelino Alfaia















(Fonte - Google imagens)

sábado, 16 de maio de 2015

Mãos Negras

Mãos Negras

Acorrentados As mãos negras, Com os pés cercados, Quando entraram na América.
Mãos, quase mutilados Mãos sangrando E retirando na plantação, O algodão.
Mãos sangrando, Mãos pedindo sonhos Da liberdade Em estar livre para pegar No velho violão, Tocando um blues Do cotidiano.
Mãos sangrando, Mãos coagulando, E dando socos, Reagindo A cruzes de fogo Dos patrões brancos.
Mãos negros, Pele negra Pele resistente, Armadura negra, Suportai-nos A qualquer porrada A qualquer Tipo de dizimação Que poderia afetar a dignidade De sermos apenas humanos Tentando reverter na memória, A imagem triste dos navios negreiros, Vindos da África.
Mãos negros, Mãos cicatrizando, Aqui somos Grandes homens Querendo suportai a memória do algodão, manuseando o violão Tocando o blues Do cotidiano, Reagindo Com sonho da liberdade Em não ver mais Cruzes de fogo Queimando Aquilo que nunca Deveria ser queimado.
- Reylton Reis

terça-feira, 12 de maio de 2015

Distância

Distância

Na coxa tênue escorre fora
Na alma ecoa dentro
Bate Moça, mexe o corpo
Que teu beijo é ancorar.

Nasce roxo em hematomas
Amanhecido em desamor
Se é medo, é ferida que deveras
Carunchou a roupa nova
Fede de tanto que esperou.

Mofando o peso desta causa
Pela distância de lugar 
Apodrecido no teu corpo longínquo
Ondulando em mãos alheias.

Em silêncio nos falavam
Do caso, descasado
Brotando dos próprios calos
Os farrapos que vestiam.

De longe se ouvia o grito morto dos atônitos
Em fervidas águas se banhava
Odiando o amar, sofrendo sem acabar
Gerando em seu ventre
Este fim, Sofri este romper
Penava eu.
porém te deixar
Era a liberdade e o libertar.

- Paulo Roberto Silva Freire





































(Toulouse Lautrec - The Bed.)



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Minha Contracultura

Minha Contracultura Meu espírito Ecoa eternamente Nos becos e labirintos Da minha inconsciência, Pois nela sai do corpo magrelo, E entra nos meus sonhos De tal ponto que me paraliso Ao fechar os meus olhos velhos. Minha estrutura ficou líquida, Estou em pleno delírio, Parece que tudo que sinto, são oriundos dos efeitos de absinto, Pois a sobriedade do corpo evaporou A partir do momento que fechei os Meus olhos opaca da triste realidade. Transcendi, aboli os meus sentidos, Não bebi nada, não fumei algo, Estou entorpecido e embriagado Pela inconsciência do corpo Que está sob o comando da alma Que transcende além do pensamento Dos meus sentidos racionais, Que congelaram como águas Oriundas de tempestades congeladas Que sobressaíram no meu intelecto, E se chocaram com primavera onírica irracional Da qual floresceu a minha subjetividade. Assim, houve uma dialética artística, A minha tese se bateu com a antítese, E a arte morreu nas minhas mãos pequeninas, Mas a anti-arte surgiu como síntese para satisfazer A minha inconsciência, que é uma instância cuja a regra é não fazer regras para produzir A poesia que pode vim de qualquer gente, Porque a contracultura É uma manifestação diferente, Pois eu não me intitulo poeta. 

- Reylton Reis 


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sub (VERSO)



Sub (VERSO)

Sob o verso imerso, estar
Subversor na terra procura - o
Inverso no mundo, pois
Paralelo ao fundo fica
Longe dos que são, 
E Entre os que não querem ser.

Meço o verso na rima.
Na rima de quem?
Dos que na desgraça, a sorte
Não muito pequeno enxergam
O tamanho da morte.
Só sobre o submundo existem
Como átomos indo e vindo, vem e vão
De lá pra cá, fingem ser então
O X da questão.

Subvertido, persiste
Em querer andar assim,
Devagar, entre o Ades e o céu
Como o corpúsculo ao léu
Subvertendo a lógica humana.

Ele no cume do seio de uma puta sacana
Ela na proa de um barco à deriva
Matou - a afogada, no próprio mar
Submetendo o verso a
Subversão do réu.

Sem medo de inferno
Descobriu quem ela é
Fez ranger a fé
Desconstruindo o crê
Humanizando o ser
Ela é nada no seu tudo
Restringindo a vida a cego, surdo e mudo.
Ele é tudo no seu mundo
É mais que ir e vir
Sub (verso) 
É viver, chorar, sorrir.

- Paulo Roberto Silva Freire 


      (Foto: Pablo Gabriel Monteiro)