sábado, 16 de maio de 2015

Mãos Negras

Mãos Negras

Acorrentados As mãos negras, Com os pés cercados, Quando entraram na América.
Mãos, quase mutilados Mãos sangrando E retirando na plantação, O algodão.
Mãos sangrando, Mãos pedindo sonhos Da liberdade Em estar livre para pegar No velho violão, Tocando um blues Do cotidiano.
Mãos sangrando, Mãos coagulando, E dando socos, Reagindo A cruzes de fogo Dos patrões brancos.
Mãos negros, Pele negra Pele resistente, Armadura negra, Suportai-nos A qualquer porrada A qualquer Tipo de dizimação Que poderia afetar a dignidade De sermos apenas humanos Tentando reverter na memória, A imagem triste dos navios negreiros, Vindos da África.
Mãos negros, Mãos cicatrizando, Aqui somos Grandes homens Querendo suportai a memória do algodão, manuseando o violão Tocando o blues Do cotidiano, Reagindo Com sonho da liberdade Em não ver mais Cruzes de fogo Queimando Aquilo que nunca Deveria ser queimado.
- Reylton Reis

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